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O fator LC+ e a transgressão das normas


Por que as pessoas assumem comportamentos de risco, mesmo sabendo que podem se ferir, contrair uma doença séria e até mortal, provocar acidentes e prejudicar outras pessoas, até mesmo membros de sua família?


Apesar dos grandes investimentos da empresa em proteção e segurança para o trabalhador e em conscientização para que todos cumpram as normas de segurança, ainda há muitos que insistem em tomar risco e provocam acidentes de trabalho. O mesmo vale para as campanhas do governo para evitar acidentes no trânsito, diminuir o tabagismo e - mais recentemente - reduzir o contágio com o Covid-19.


Um estudo realizado nos Estados Unidos concluiu que as pessoas agem assim em razão de três fatores, resumidos nas palavras Logo, Certo e Positivo (ou LC+).



1. Logo

Somos naturalmente impacientes. Queremos gratificação instantânea. Ninguém gosta de esperar uma hora em um restaurante para receber seu pedido. Se um prato semelhante está disponível em outro lugar em 10 minutos, a maioria de nós escolhe esta opção.


2. Certo

A consistência na obtenção de um comportamento também é um elemento-chave que levas as pessoas a assumirem riscos. “Dirigir muito rápido quase sempre me faz chegar mais cedo em casa”, “Eu sempre me sinto relaxado assim que termino de fumar um cigarro” ou “Não instalar o protetor da máquina me ajuda a terminar o trabalho muito mais rápido”.


Por outro lado, quando os resultados são incertos e não temos certeza dos resultados consistentes de nossas ações, não levaremos tão a sério aquele comportamento. Isso explica porque os fumantes nunca prestam atenção aos avisos de saúde nas embalagens de cigarros. Sofrer de câncer de pulmão é incerto. Por isso, os sinais de alerta não causam tanto impacto.


3. Positivo

Em terceiro lugar, o comportamento deve fornecer ao indivíduo um resultado positivo significativo. É claro que “resultado positivo” é algo subjetivo: o que é positivo para um pode não ser para outro; vai depender de preferências, estado de espírito, objetivos e ambições. Porém, ninguém em sã consciência escolheria fazer algo que lhe desse um resultado negativo.


Comportamentos em que essas três variáveis existem são extremamente difíceis de quebrar e podem fornecer um raciocínio por trás de muitas atitudes de risco no local de trabalho. Não usar equipamento EPIs, remover a proteção da máquina, ignorar procedimentos de segurança etc acontecem, pois não fornecem uma solução LC+ completa e, portanto, sempre é possível tomar atalhos.


Por exemplo: apesar do imenso número de casos de covid-19, pessoas insistem em irem a festas e não usar máscara. Por que? Porque a festa lhes dará uma satisfação imediata (LOGO); sabem que uma festa sempre é algo bom – principalmente sem máscara (CERTO) e imaginam que nada irá acontecer com elas, afinal “todo mundo vai e nada acontece ou é só com a família” (POSITIVO).



Aplicando na empresa


Em teoria, usar o conceito é simples. Basta examinar os comportamentos que estão gerando problemas de produtividade, segurança ou saúde no trabalho e substituí-los por uma solução LP+ bem pensada. Na realidade, porém, propor um LC+ substituto nem sempre é possível ou é exageradamente caro.


Em situações em que provavelmente não encontraremos soluções alternativas LC+ imediatamente, podemos trabalhar para minimizar os efeitos dos hábitos de risco removendo a certeza ou aplicando influenciadores negativos.


Por exemplo: se há abuso no uso da frota da empresa, com direção perigosa, alta velocidade ou uso dos veículos para fins pessoais, ao colocar um monitoramento via satélite este comportamento será coibido porque elimina-se a certeza ou o resultado positivo da transgressão.



Ética, acima de tudo


Não se deixe levar pelo LC+! Por mais que tenhamos “certeza” de ter benefícios rápidos e positivos em um comportamento de risco, uma única falha neste comportamento pode trazer consequências também rápidas, mas fatais e negativas para nós, nossos colegas e pessoas que amamos.


Cumprir normas e comportar-se com segurança é uma questão de maturidade ética, antes e acima de qualquer coisa. Quebrar regras, fugir à punição, tirar proveito pessoal em detrimento aos direitos coletivos e agir apenas baseado no medo da punição ou sob vigilância é uma conduta típica de infantilidade ética.

Ao sentir-se tentado a se comportar fora das normas, lembre-se que os antigos já diziam: “Quem tem pressa come cru”, “nem tudo o que reluz é ouro” e “devagar se vai ao longe”.

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